Com o tema “Transforme o Futuro do seu Supply Network: Insights de Liderança, Networking de Elite e Inovações Disruptivas”, o 38º Simpósio Supply Chain aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto no Hotel Grand Mercure Vila Olímpia, em São Paulo.
Durante os dois dias de evento, reuniu líderes e especialistas para discutir as tendências e desafios na cadeia de suprimentos. Os participantes puderam explorar 12 apresentações e cases. Houve ainda 33 plenárias simultâneas que cobriram uma ampla gama de tópicos sobre o futuro da gestão de supply chain.
Para este conteúdo, nós selecionamos os principais destaques e insights compartilhados.
8 tendências do Simpósio Supply Chain
1) Tecnologias digitais e inteligência artificial
Líderes destacaram a reinvenção do supply chain por meio de tecnologias digitais e da inteligência artificial (IA). Flavio Barreiros, diretor da Accenture, enfatizou a importância do planejamento autônomo. “É necessário calibrar modelos matemáticos e segmentar o planejamento para criar cenários resilientes”.
Já Raphael Cyjon, vice-presidente da PepsiCo, comentou sobre a necessidade de uma abordagem mais integrada e tecnológica na logística, apresentando um modelo de torre de controle para transporte e carga, case vencedor do PIT STOP Supply Chain 2023.
Cyjon destacou ainda a importância da visibilidade e do controle na logística, criticando a dependência exclusiva de ferramentas e defendendo uma abordagem mais integrada e tecnológica. “A cadeia logística precisa ser circular e interconectada, muito mais do que linear”.
2) Planejamento integrado e novas tendências de consumo
Ricardo Nascimbeni, managing director da Cargill, compartilhou insights sobre planejamento integrado no setor agroindustrial, destacando a complexidade e os desafios enfrentados no Brasil. “Uma abordagem que envolva todas as áreas da organização é crucial para a eficiência operacional em um ambiente dinâmico”.
A integração de operações online e offline e a criação de um ecossistema digital que inclui plataformas de vendas, logística e outros serviços foram temas abordados por Renan Marquezini, diretor da Magalu. Ele contou como a evolução do comportamento do consumidor trouxe a necessidade de adaptação nas estratégias da empresa. “A descoberta de produtos em redes sociais e a compra multicanal estão moldando a experiência do consumidor”, diz.
3) Sustentabilidade, descarbonização e eficiência energética
Eduardo Paiva, vice-presidente da Schneider Electric, falou sobre a eletrificação e digitalização para a descarbonização das operações industriais e logísticas. “Nosso compromisso é não haver emissões líquidas de CO2 até 2050”. Ele apresentou exemplos de centros de distribuição otimizados para eficiência energética.
A importância da gestão eficiente, especialmente em tempos de desafios econômicos e ambientais foi abordada por Marcelo Scarcelli, vice-presidente global da Unilever, que também falou sobre como a área de procurement está se transformando em uma fonte de valor para a empresa.
Sua palestra também trouxe as estratégias da empresa para tornar as operações da Unilever mais sustentáveis e, assim, minimizar os impactos ambientais. “Reduzimos em 74% a produção de gases do efeito estufa desde 2015 e investimos quase 9 bilhões de euros em marcas e marketing”.
4) Transformação logística e digitalização
Jean Pierre Carrilho de Faria, diretor da Ambev, apresentou a transformação na gestão logística da empresa com a implementação de uma Control Tower, uma abordagem inovadora que divide as operações em diferentes camadas de atuação.
“Primeiro, temos os headquarters responsáveis pela visão estratégica de longo prazo. Em seguida, há uma área focada na execução do plano, e, por fim, uma Control Tower que coordena a execução do briefing”, explicou. Esse modelo permite uma gestão mais eficiente, com a digitalização integrando processos desde os fornecedores até a entrega final.
Carrilho ressaltou ainda o impacto da digitalização na melhoria dos processos logísticos. “Utilizamos machine learning para gerar recomendações baseadas em dados históricos. Isso nos permite automatizar decisões e aprimorar a precisão do planejamento”. A integração de tecnologias avançadas possibilitou uma otimização significativa, reduzindo o tempo de carregamento e melhorando a eficiência na gestão dos caminhões.
5) Desafios e soluções da pandemia
Luiz Manssur, diretor-executivo do Grupo Saint-Gobain, contou como a empresa enfrentou desafios significativos durante a pandemia da Covid-19 – como o aumento abrupto na demanda devido ao boom de reformas em residências.
“A pandemia trouxe um incremento de demanda que alterou completamente o nosso mix de produtos e a complexidade das operações logísticas”, diz. Manssur detalhou que a expansão da demanda foi tão intensa que, apesar da capacidade produtiva intacta, a manutenção dos estoques tornou-se um desafio crítico devido à limitação de espaço.
A complexidade dessa situação exigiu, então, soluções inovadoras para manter a eficiência logística. Manssur destacou que a empresa experimentou um aumento nas rupturas de estoque, atingindo picos de 15% – percentual muito além do histórico da empresa, de 7 a 8%. “Tivemos que reagir rapidamente, girar o estoque de maneira mais ágil e precisa”.
A solução passou por um projeto piloto que cresceu com o tempo, focado em entender melhor os problemas e adaptar a estratégia para lidar com a nova realidade. “A chave foi explorar nossa flexibilidade operacional e fortalecer nossa malha geográfica espalhada pelo Brasil”, explicou Manssur. “Conseguimos mudar o setup de produção de um dia para o outro e repor os estoques em menos de quatro dias.”
6) Evolução da logística omnicanal
Fernando Gasparini, do Grupo Casas Bahia, compartilhou a jornada de transformação da empresa desde 2019, detalhando como o grupo evoluiu de uma operação predominantemente física para uma estrutura digital e omnicanal. “Nós éramos uma empresa via varejo com ativos robustos focados em lojas físicas e com baixa participação online,” afirmou.
Em 2019, o Grupo tinha participação online de apenas 12%; agora, conta com 50% de suas vendas no digital. Isso reflete uma grande mudança estratégica. “A transformação envolveu a aquisição de empresas estratégicas e a criação de uma transportadora que reduziu custos e prazos de entrega”, afirmou Gasparini.
Os resultados da transformação foram notáveis: a transportadora do grupo passou de 16% para 72% da operação logística, e o tempo de entrega foi significativamente reduzido. Gasparini destacou a importância de decisões estratégicas, como a escolha de não se envolver em entregas de alto risco, e a necessidade de flexibilidade diante das mudanças.
7) Transformação digital e cultura corporativa
Luciano Tótola, head de Supply Chain & Logística da Zamp, detalhou a transformação na operação logística e tecnológica da empresa. “A transformação não foi apenas sobre tecnologia, mas sobre mudar a cultura e melhorar a forma como trabalhamos internamente”, explicou.
“Quando começamos essa jornada, estava claro que precisávamos investir em tecnologia para melhorar a resiliência e permitir o crescimento”, diz o especialista. A mudança começou com a introdução de novas plataformas e ferramentas, como o Sentinela, que otimiza o gerenciamento de pedidos e inventário – e agora é responsável por 72% das solicitações sem intervenção manual.
Tótola detalhou a evolução dos processos e a implementação de um modelo colaborativo que visa melhorar a eficiência e a comunicação entre as diferentes áreas da empresa. “A transformação não foi apenas sobre tecnologia, mas também sobre mudar a cultura e melhorar a forma como trabalhamos internamente”, diz.
A nova plataforma, que integra dados e processos de maneira mais fluida, ajudou a reduzir o tempo gasto em tarefas e melhorou a precisão das previsões de vendas. “Ao invés de depender de dezenas de planilhas no Excel, agora temos uma plataforma robusta que facilita o planejamento e a colaboração”, acrescentou.
Essa necessidade de sincronização da cadeia, com integração e adoção de tecnologias também foi abordada por Roberto Hasil, diretor da Mondelez. Ele trouxe na sua palestra a transformação da estratégia de supply chain da empresa, com foco em melhorar a eficiência entre a cadeia de suprimentos e a área de vendas.
Hasil detalhou como a Mondelez revisou e aprimorou seus processos, implementou mudanças na estrutura de remuneração e adotou tecnologias avançadas, como inteligência artificial, para otimizar o fluxo de pedidos e reduzir problemas de estoque.
Segundo o diretor, existia um ciclo problemático que gerava uma série de desafios, incluindo sistemas desatualizados e processos manuais. “Nós começamos a entender todos os pontos de fricção e onde era necessário atuar para melhorar o fluxo”, contou Hasil. A mudança, segundo o diretor, resultou em uma significativa redução de rupturas de estoque e melhorou o nível de serviço para os clientes. “Quando mostramos resultados concretos, começamos a falar a mesma língua dos nossos clientes e a criar valor mútuo”, completou.
8) Gestão de risco e inteligência artificial
Janaina Peres, Latam Chief Procurement Officer da Kellogg’s, destacou a importância da gestão de risco no setor de Compras. “Estamos utilizando inteligência artificial para suportar decisões sobre a cobertura de rede e negociação com fornecedores”, diz a especialista.
A apresentação focou na gestão de risco em Compras, tema desafiador e, ao mesmo tempo, essencial para garantir a eficiência operacional. “Gerenciamos a aquisição de insumos e serviços para todas as nossas plantas na América Latina”.
Janaina falou ainda das implicações da volatilidade no mercado e da importância da gestão de riscos para garantir que os produtos mantenham sua alta qualidade. “Estamos lidando com uma realidade de volatilidade constante. Nesse cenário, é crucial ter estratégias eficazes para mitigar riscos e garantir a entrega de produtos de alta qualidade,” concluiu. Ela enfatizou que a capacidade de antecipar eventos globais e ajustar a base de fornecedores conforme necessário é essencial para a gestão de risco.
A apresentação também abordou a integração de inteligência artificial no processo de tomada de decisão, como o suporte às decisões sobre a cobertura de rede, a negociação com fornecedores e a definição de posições de contratos.
Seu negócio está alinhado com as tendências do mercado?
O 38º Simpósio Supply Chain trouxe referências para o setor com apresentações inspiradoras e discussões profundas sobre os desafios que muitas empresas enfrentam. Inovação e sustentabilidade foram pontos altos nas principais palestras do evento, ressaltando a urgência de uma abordagem estratégica e integrada para transformar as operações de compras corporativas.
Os cases apresentados forneceram exemplos concretos de como otimizar processos, aumentar a eficiência e promover um impacto positivo sustentável. Agora, é hora de aplicar essas estratégias e fortalecer suas operações.
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