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Maturidade da cadeia de suprimentos: em que pontos estamos e como avançar para o “estado da arte”?

As organizações têm demonstrado cada vez mais maturidade na gestão de suas cadeias de suprimentos, especialmente após a pandemia de Covid-19. De modo a identificar oportunidades de agregar valor e garantir a eficiência na entrega de produtos e serviços, passaram a ter um planejamento mais eficaz da sua cadeia de valor e um novo desenho e orquestração do seu supply network.

 

Assim, buscam atuar com eficiência para maximizar valor para o cliente e a empresa, otimizando a produção e entrega de produtos, reduzir custos e melhorar a experiência e satisfação do cliente.

 

Mas, esse é um movimento que ainda está acontecendo.  É fundamental avançar cada vez mais em nível de maturidade operacional e logística para impulsionar o crescimento dos negócios.

 

Conversamos com o especialista Flávio Barreiros, Diretor Executivo e Líder Regional de Supply Chain e Operações da Accenture para a América Latina, que compartilhou insights valiosos sobre o tema. Neste conteúdo, vamos explorar algumas práticas do cenário brasileiro e trazer dicas para aplicar no seu negócio e alcançar um nível de maturidade que traga resultados tangíveis.

 

Melhores práticas de supply chain e supply network: como está o cenário brasileiro hoje?

 

Há atualmente um movimento das empresas líderes de transformar seu supply chain para fazerem frente a imperativos do mercado. Estamos falando de desafios competitivos, mudanças nas preferências dos clientes, pressões econômicas, regulamentações governamentais, entre outros fatores que influenciam diretamente a dinâmica dos negócios. A digitalização e a tecnologia têm sido fundamentais.

 

Entre as agendas mais relevantes neste contexto estão questões voltadas à resiliência e também à competitividade. Para Barreiros, a busca por eficiência tem se modificado. Se no passado as empresas focavam no corte de gastos, hoje elas procuram alternativas como o uso da tecnologia para trazer mais inteligência aos processos internos e à tomada de decisão.

 

Há também uma quebra de paradigmas, como acontece nos setores de varejo e bens de consumo, que historicamente têm dificuldade de trabalhar de forma mais colaborativa. “Com dados, fica muito mais fácil promover a colaboração: você sai das crenças e traz mais inteligência para escolher o quê e quanto tem no estoque, definir o sortimento de produtos por loja e, ao mesmo tempo, usar a inteligência artificial (IA) para fazer o abastecimento”, diz Barreiros.

Maturidade na operação: eficiência e entrega de valor ao cliente

 

Ainda que as empresas brasileiras já tenham evoluído no tratamento de suas operações logísticas — muitas delas, inclusive, já começaram a colocar em prática conceitos importantes, como a orquestração do seu supply network —, Barreiros entende que o chamado “estado da arte” ainda não foi alcançado pela maioria dos negócios. Para isso acontecer, há alguns pontos estratégicos que precisam ser considerados.

Ter uma operação confiável

Ter uma operação confiável é o primeiro passo para atingir o “estado da arte” na gestão do supply network, acredita Barreiros. “Para uma operação ser confiável, você tem que ter clareza tanto dos motivos dos desvios quanto da probabilidade de eles acontecerem. As empresas têm estudado muito os equipamentos, os ativos, a demanda, os fornecedores, o transporte… E, a partir daí, é preciso entender o real motivo desses desvios e trabalhar para que sejam reduzidos — ou, então, ter contingências claras para quando eles ocorrerem”

Conectar a área Comercial com supply chain

Usar dados e inteligência para conectar a área Comercial e o supply chain das empresas também é essencial para atingir o “estado da arte” das operações logísticas. Entender qual é o perfil de atendimento do negócio e sincronizar de forma dinâmica a calendarização de vendas, o atendimento e outros pontos estratégicos pode trazer grandes benefícios, em eficiência e em uma experiência superior para os clientes.

Sair do básico

Barreiros entende que, embora as empresas brasileiras já estejam dando passos em direção à maturidade nas operações logísticas, ainda é preciso ir além do “básico bem-feito” para um grande salto . “O básico bem-feito pode entregar hoje, mas não necessariamente vai trazer vantagem competitiva. O ideal é combinar uma jornada de evolução que já entregue resultados imediatos com ações estruturantes que ajudem o negócio a preparar seu futuro”, orienta.

 

Nesse sentido, listamos algumas recomendações:

 

  • Tenha clareza de quais são os fatores de diferenciação para seu negócio. Por exemplo: experiência diferenciada, entrega rápida, etc.
  • Seja muito crítico de onde você está e ouça o seu cliente.
  • Formate a solução e ganhe escala rapidamente. Pilotos são importantes para testar conceito e formatar a solução, mas muitas empresas se perdem com múltiplas ações em estágio de piloto e com quase nada em escala.
  • Foque pessoas para entrega o business usual com excelência, mas também tenha capacidade e foco de executar a estratégia planejada;
  • Seja ousado na adoção de novas tecnologias de forma alinhada à visão futura. Não se apaixone pela tecnologia, se apaixone por resolver, transformar e atingir os resultados usando o melhor “mix” de tecnologia.

 

Mudar a forma de tomar decisões

As empresas têm a ambição de serem responsivas ao mercado, mas ainda não desenvolveram a maturidade para mudar sua forma de tomar decisões. Ou seja, ainda atuam de forma centralizada, com cada área cuidando apenas de si. Cada vez mais é necessário ter um time multidisciplinar e tomar decisões em conjunto, suportadas por dados e inteligência analítica.

 

Segmentar as decisões e ações, deixando muitas coisas no piloto automático, é imperativo para ter a atenção do grupo naquelas ações nas quais o talento humano e experiência farão a diferença. Empresas já começam a usar GenAI (inteligência artificial generativa) como copiloto para gerar cenários e interagir com os dados e resultados de otimizações/ projeções de forma mais rápida, sem a necessidade de investir tanto tempo das equipes tentando encontrar tendências, desvios, etc.

 

Por onde começar para alcançar um novo nível em maturidade da cadeia de suprimentos?

 

1)     Coloque o consumidor no centro

Mais do que um diferencial competitivo, está cada vez mais claro que o papel das empresas é focar na experiência do consumidor. Especialmente depois da pandemia, proporcionar experiências diferenciadas se tornou regra. Seja serviço ou produto, o supply chain é um grande responsável pela entrega de experiência tanto para o consumidor final quanto para o cliente B2B.

 

2)     Segmente o supply chain

Contar com um supply chain azeitado para os diferentes tipos de cliente é a base para colocar o consumidor no centro. Ao mesmo tempo em que é preciso abastecer lojas próprias da marca (caso a empresa atue com esse modelo), é necessário direcionar um grande volume para o varejo em geral. Da mesma forma, podem existir produtos customizados e mais exclusivos, que não terão grande volume, mas precisam ser entregues em pontos estratégicos. Essa segmentação no supply chain é necessária para garantir bons resultados. Naturamente, essa segmentação passa por toda a cadeia, canais, logística, manufatura, fornecedores, etc.

 

3)     Tenha clareza a respeito da vantagem competitiva que o supply chain proporciona

Investir no supply chain é importante, mas não adianta esperar dele benefícios que não pode proporcionar. Ou, pior ainda, não ter uma visão a respeito de onde se quer chegar com ele.

 

Por isso, Barreiros destaca a importância de se ter clareza a respeito das expectativas e do que uma boa cadeia de suprimentos pode, de fato, trazer para uma empresa: maior competitividade de custo, experiência diferenciada para os consumidores, desenvolvimento de um canal com direct consumer, omnichannel… Isso deve ser pensado e definido antes pelas empresas, para garantir que esse resultado virá lá na frente.

 

4)     Entenda o nível de fricção de atender diferentes segmentos e propostas de valor

É quase inevitável que o atendimento a diferentes segmentos (ou, até mesmo, a diferentes propostas de valor dentro do mesmo setor) cause algum nível de fricção no supply chain. Mas não é necessário entrar em pânico. Ter consciência sobre esse desafio e endereçá-lo corretamente — por meio de benchmarks e de um entendimento aprofundado a respeito de cada realidade — é o caminho para a maturidade.

 

5)     Conte com tecnologia que permita ganhar escala

A tecnologia é uma aliada do supply chain e isso deve se consolidar cada vez mais. Ela permite ganho de escala, o que é essencial para alcançar a maturidade da cadeia de suprimentos. Mais uma vez, é imperativo observar o desafio e ver as possibilidades que as diferentes tecnologias combinadas permitem.

 

Combine plataformas cloud que democratizam e aceleram as trocas de informações, modelos analíticos que trazem inteligência, automação de processos, robótica nas operações, IoT (Internet das Coisas) para gerar dados e digitalizar produtos, entre outras diferentes tecnologias.

 

6)     Seja ambicioso

As empresas devem mirar alto quando pensam em alcançar a maturidade do supply chain. “Se você tem 50 plantas, por exemplo, não adianta entregar resultado em uma linha de produto e em uma planta apenas. Vai ser muito pouco relevante. Então, tenha uma ideia do que realmente vai criar essa vantagem competitiva, o que vai realmente criar experiências diferenciadas”, diz Barreiros.

 

É importante desenvolver um plano ambicioso, que entregue resultado ao longo da jornada de forma evolutiva— e não apenas um grande “go live” dali três anos, quando tudo estiver “pronto” e testado. O cenário possivelmente será diferente do analisado e perderá relevância.

 

7)     Entenda as mudanças do mundo com rapidez

O mundo está passando por mudanças com uma velocidade cada vez maior. “Você precisa estar conectado com o que está acontecendo e criar um chassi que seja adaptável, que consiga ir colocando novas tecnologias”, entende Barreiros. Muitas empresas já estão repensando sua arquitetura tecnológica, porque foram concebidas em estruturas menos flexíveis que não atendem mais às demandas do mercado.

 

8)     Desenhe e opere um supply chain resiliente

É importante ter um olhar atento para o cenário de negócio, as tendências de tecnologia e de mercado, o movimento e as ações dos concorrentes, as mudanças nas expectativas e necessidades dos clientes.

 

Ter um supply chain resiliente, que também seja capaz de ir se adaptando às mudanças, é imperativo. Segundo Barreiros, tem dois aspectos importantes aqui. “Primeiro, é chave desenhar uma rede com alternativas de canais de entrega, fornecedores, parceiros logísticos, manufatura, etc. Segundo, ser capaz de monitorar, na operação, os movimentos e mudanças para orquestrar uma resposta rápida que fará o negócio ganhar o jogo”.

 

Para que este monitoramento e resposta aconteçam no tempo correto, é fundamental o uso combinado de ciência de dados, modelos preditivos, otimização e IA generativa. Por exemplo, com 1% da demanda real do mês, empresas já conseguem projetar o que vai acontecer — e os modelos podem prescrever respostas como ajustes nas ações promocionais, produções adicionais, redirecionar o mix para diferentes lugares, etc.

 

9)     Capacite as pessoas

Por fim, contar com pessoas preparadas para essa capacidade transformacional permanece essencial.  Elas precisam ser capacitadas para deixar de fazer atividades operacionais e se tornarem mais estratégicas, precisam conhecer de tecnologia para orientar transformações e fazer o melhor uso delas. Aqui, trouxemos insights de como mudar o mindset das pessoas para aumentar a produtividade no supply chain.

 

Para avançar em maturidade, faça conexões

 

Fazer network e se conectar com as tendências do mercado também são práticas fundamentais para profissionais e empresas que desejam se manter relevantes e competitivos no cenário atual.

 

Além de estabelecer uma rede de contatos, participar de eventos e atividades contribui para ter acesso a informações atualizadas que podem ajudar a tomar decisões mais informadas e a se adaptar rapidamente às mudanças no mercado.

 

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